sexta-feira, 18 de março de 2011

Jardins botânicos viram vilões

Eles espalham espécies invasivas

Mais de metade das espécies de plantas invasivas que se espalham para novos habitats vêm de jardins botânicos, diz uma análise do movimento destas espécies. Embora a maioria dos casos tenha ocorrido entre os anos 1800 e meados dos 1990, há relatos de "vazamentos" mais recentes que pedem mais rigor na biossegurança, advertem pesquisadores.

Espécies de plantas podem escapar de jardins através de cursos de água, pelo dispersão do vento ou pelo transporte por animais. Uma vez soltas, podem invadir e tomar habitats nativos. Para ter uma visão mais ampla, Philip Hulme, da Universidade Lincoln em Christchurch, Nova Zelândia, começou com 34 plantas que estavam na lista das 100 espéies mais invasivas do mundo, segundo a União Internacional Para a Conservação da Natureza. Hulme vasculhou a literatura existente para descobrir evidências de onde as plantas haviam se originado, e descobriu que não menos que 19, das 34, com quase certeza saíram de jardins botânicos.
Um belo arbusto com flores, chamado de gengibre kahili (Hedychium gardnerianum), nativo da Índia, por exemplo, espalhou-se em um jardim botânico na Jamaica e daí para o Havaí. "É uma planta realmente daninha, que cria uma cobertura que impede que plantas nativas se recuperem", diz Hulme. Quatro das 100 espécies mais invasivas escaparam de uma única fonte - o jardim botânico Amani, na Tanzânia.
Embora estes tenham sido eventos históricos, Hulme diz que muitos outros casos podem ter acontecido desde então, porque leva décadas para que plantas se estabeleçam. A Lumnitzera racemosa, por exemplo, espécie asiática levada para os EUA nas décadas de 1950 e 1960 por jardins botânicos, têm atualmente um crescimento de 17% a 23% por ano nos mangues da Flórida.
Hulme assinala que uma iniciativa para impedir ou diminuir "fugas" acidentais, chamada de Declaração de St Louis, foi assinada por apenas 10 dos jardins botânicos dos EUA. Alguns deles estão fazendo sua parte, como o de Chicago, que está em processo de substituir algumas das espécies que causam preocupação, e também brecou as trocas de sementes com outros jardins botânicos.
"Sempre existe o potencial de espécies escaparam de suas coleções e se estalecerem na natureza", diz Suzanne Sharrock, diretora de programas globais da Conservação Internacional de Jardins Botânicos, baseada em Kew, Londres - sede de uma exuberante coleção de plantas. "Nosso foco é ajudar jardins botânicos a se tornarem parte da solução, usando suas coleções para desenvolver sistemas de advertência face a condições de mudança ambiental, e informar o público sobre os perigos das espécies invasivas", afirmou ela, segundo a New Scientist.

Foto: Fernando Lemos
Fonte: planetasustentavel.abril.com.br

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